quarta-feira, 8 de abril de 2009

ProJovem Urbano: impressões

Peço desculpas a todos pela demora em postar novamente, mas estou mudado de emprego e isso exigiu de mim um esforço enorme. Passei em um teste seletivo para professora do programa ProJovem Urbano e, para assumir o cargo, os professores passaram por um intensivo curso de pedagogia.

Desculpem-me as boas pedagogas, mas as que eu conheço são todas iguais, não conseguem virar o disco e, por quase 15 horas diárias, eu e mais 36 vítimas deste teste, ficamos ouvindo sempre as mesmas coisas (as mesmas que já havíamos ouvido também durante os 4 ou 5 anos de graduação). Isso durou 9 dias e incluiu sábados!

O programa do governo federal é mesmo muito interessante: pessoas de 18 a 29 anos que não tiveram, por algum motivo, possibilidade de terminar o ensino fundamental na idade correta puderam se matricular e, juntamente com o ensino fundamental, tem aulas de qualificação profissional (Construção e Reparos, Serviços Domésticos e Vestuário, no caso da minha cidade), informática (muitos nunca tocaram num computador!), inglês, e Participação Cidadã, disciplina desenvolvida por uma assistente social, que pretende conscientizar os alunos das mudanças que eles podem gerar em suas comunidades se souberem até onde vão seus direitos e como fazê-los valerem. Além de tudo isso, (agora vai parecer um pouco paternalista e assistencialista), se o aluno tiver no mínimo 75% de frequência e 75% de aproveitamento das disciplinas, receberá uma bolsa auxílio mensal no valor de R$100,00. O material didático que todos os alunos recebem é de ótima qualidade.

Ainda assim, muitos alunos reclamam por não ter transporte gratuito, uniforme gratuito ... Talvez estejam acostumados a conseguir tudo facilmente, reflexo de coisas que facilmente se consegue: bolsa-família, vale-gás, luz fraterna...

Na segunda-feira, quando começaram as aulas, alguns alunos já vieram me perguntar sobre a tal da bolsa e, quando falei que a primeira geralmente demora a sair, todos ficaram irritadíssimos, como se alguém os tivesse enganando ou roubando os tão valiosos R$100,00 que receberão. Alguns estão pouco interessados nesta oportunidade de melhorar o nível de estudo, fazer um curso de qualificação e aprender a mudar o que está próximo deles.

Acredito que, mesmo assim, alguns deles farão a diferença. Alguns estão lá porque sabem que perderam muito tempo na vida e querem melhorar ao menos um pouco a qualidade de vida de suas famílias. Tenho certeza de que também aprenderei muito com eles, com a experiência de vida que meninas de 23 anos, casadas há 10, com 4 filhos têm.

Um comentário:

  1. Parabéns pela nova atividade. O programa parece bem interessante. Não conheço muito a respeito desse tipo de programa de educação do governo, mas pelo seu relato, a iniciativa, mesmo que a base da “esmola” pública merece incentivo.

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