segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Pausa

Pessoal,

Farei uma pausa no blog por uns tempos. Minha mãe está no hospital precisando de mim!

Espero-os em momento melhor!

Angelis

sábado, 24 de janeiro de 2009

O romance e o realismo

Um dos primeiros problemas com que a arte, seja ela cinema, literatura, pintura, dentre outras, se depara é a sua legitimação. A muitos olhos, a arte não possui valor social e não produz nenhum bem imediato à sociedade, ou seja, nem sempre se consegue perceber a função da arte.

O caso da literatura, particularmente, possui um agravante: a ficção. O fato de se saber que o que se está lendo não é uma verdade (entendida aqui como o que aconteceu de fato) acaba diminuindo ainda mais a popularidade da literatura. A justificação da literatura ficaria então por conta das disciplinas que ela seria capaz de englobar.

A partir disso, Silvina Rodrigues Lopes reflete sobre qual a função da ficção:

A relação ars e ingenium corresponde ao reconhecimento de uma capacidade de
inventar, de ficcionar, a par da necessária mestria técnica e do respeito das
regras que ela implica. Trata-se de pensar até que ponto a arte é exclusivamente
imitação ou também invenção e até que ponto estas se opõem ou completam.


Dessa forma, podemos pensar sim, numa função representativa e inventiva da literatura, visto que ela pretende representar a vida, mas utiliza-se da capacidade de invenção de seus autores. Silvina Lopes afirma que ao mesmo tempo em que se “concede à literatura o direito de inventar histórias e fábulas originais e ao autor o direito a um estilo ‘próprio’, impõe(-se)-lhe o dever de não ir além do aceitável e, portanto, necessariamente, do reconhecível, isto é, proíbe-a de inventar.

Mesmo nos primórdios da teoria literária já se discutia a função da literatura e a sua distinção das outras áreas do conhecimento. Em “A poética”, Aristóteles evoca o tempo todo o termo imitação, mas também considera o fator da invenção. “O historiador e o poeta não se distinguem por escrever em verso ou prosa; (...) a diferença é que um relata os fatos que de fato sucederam, enquanto o outro fala de coisas que poderiam suceder”.

Quando, no século XIX, surgiu o termo realismo, destinado a determinado grupo de obras literárias, o fator imitação era extremamente valorizado a ponto de que o significado era mais importante que a significação. Buscava-se, naquele momento, trazer a realidade, nua e crua, para dentro do texto ficcional. Surge aí o gênero romanesco como o conhecemos hoje, em que se dá o privilégio ao conteúdo e não simplesmente à forma, sendo que esta assume um caráter mais livre.

Como o romance, gênero realista por excelência, surge justamente na oposição entre a subjetividade romântica e a objetividade e o pensamento científico, temos, a partir daí, o retrato do homem em sua completude, seus defeitos e suas virtudes. A grande idéia do romance realista foi representar a vida humana, o concreto.

Partindo da ascensão desse novo modelo de ficção, descrita por Ian Watt, o romance acabou trazendo o realismo como sua maior característica até o presente, com a justificativa de que, vendo o que somos mediante a apreciação da obra de arte, podemos refletir sobre a nossa condição.

No entanto, a própria concepção de realismo é relativa. Jakobson reflete:

O que é o realismo para o teórico de arte? É uma corrente artística que propôs
como seu objetivo reproduzir a realidade o mais fielmente possível e que aspira
ao máximo de verossimilhança. (... ) E já se evidencia a ambigüidade: 1 –
trata-se de uma aspiração, uma tendência, isto é, chama-se realista a obra cujo
autor em causa propõe como verossímil (significação A). 2 – Chama-se realista a
obra que é percebida por quem a julga como verossímil (significação B)

Assim, podemos afirmar que há dois realismos: o escolástico e o realismo que, mesmo não pertencendo à época e ao movimento literário realista, possui características que conferem ao texto o fator da verossimilhança e propiciam ao leitor a impressão de estar frente a acontecimentos reais. Ian Watt, estudando alguns textos ingleses realistas, propõe algumas das que seriam as características básicas que provocam no leitor essa impressão de realidade frente ao texto ficcional.

A primeira característica proposta pelo estudioso é a ênfase na experiência individual. Antes da ascensão do romance, os textos literários buscavam mais privilegiar os feitos históricos e as qualidades de determinado grupo de pessoas. Deixa-se, no romance, de apresentar caracteres gerais, tipos e passa-se a privilegiar a experiência individual, a especificidade das personagens. Dentre outras coisas, o nome da personagem, que tinha uma função e era muito freqüentemente genérico, passa a funcionar de forma diferente. Os nomes são, para a literatura realista “a expressão verbal da identidade particular de cada indivíduo” A apresentação e a caracterização do cenário também ganha um papel especial, pois sua descrição conta agora com pormenores e exatidão. Não é mais descrito apenas o que será usado numa determinada cena, mas tudo o que faz parte de determinado espaço, mesmo que, aparentemente, ele não tenha nenhuma função para o entendimento do enredo além de conceder um caráter mais particular ao que é narrado.

Contrariamente ao que acontecia com a narrativa anterior ao romance, que buscava narrar o atemporal, as experiências que poderiam tanto acontecer agora como há 300 anos, o romance situa os fatos narrados e um local e tempo bem delimitados, visto que, repetindo, não busca mais o geral, mas o específico e o que é específico sempre possui um local e um tempo bem definidos. Resumindo, tudo o que existe, existe em determinado tempo e local.

As experiências individuais da personagem situadas no romance num espaço e tempo delimitados são vistos como causas para a condição presente da personagem. Não há mais o fator da coincidência como nas narrativas tradicionais. Dessa forma, o romance propicia a visualização da evolução da personagem no tempo.

Além disso, pode-se pensar em dois outros fatores que podem contribuir para a impressão de realidade do texto ficcional: a instância narrativa e o discurso. Bakhtin já falava sobre a importância dos diversos tipos de discursos utilizados no texto. Se a língua é formada por estes vários tipos de discurso, a sua utilização no romance o aproxima ainda mais da realidade.

De certa forma, a impressão de realismo que o romance nos causa no momento da leitura está justificado pelas estratégias utilizadas pelo autor. Também justifica que seja o gênero narrativo mais popular e fácil de ser lido. O romance não exige uma capacidade tão grande de abstração como a poesia, por exemplo.

Pessoal, para quem se interessa em ler os textos citados, postarei as referências nos comentários, ok?

Abraço!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Oscar 2009: felicitações e lamentações

Saiu a lista dos filmes indicados ao Oscar deste ano. A surpresa não é muito grande. De certa forma, o Globo de ouro antecipou mesmo as indicações dessa edição do prêmio.

A maior quantidade de indicações foi para “O curioso caso de Benjamin Button” do diretor David Fincher, uma adaptação do conto homônimo de F. Scott Fitzgerald em 1921, que concorre aos prêmios de melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro adaptado, melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor figurino, melhor montagem, melhor maquiagem, trilha sonora original, melhor edição de som, melhor mixagem de som e efeitos especiais.

Não tive ainda a oportunidade de ver esse filme... Esse é um dos problemas de se morar em cidades pequenas. Assim que tiver uma opinião formada sobre ele, eu posto aqui.
Das demais indicações,
Slumdog Millionaire, foi o segundo com maior número. Em seguida, Milk: a voz da liberdade, Frost/Nixon e O Leitor.

Confirmou-se a indicação de Heath Ledger para o prêmio de melhor ator coadjuvante (embora ele tenha sido o protagonista de “Batman: o cavaleiro das trevas”); Wall-E para melhor animação (de fato, muito bonitinho).

Uma das indicações que me deixaram mais felizes foi a de Penélope Cruz para o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, no filme Vicky Cristina Barcelona, de que gostei muito. Penélope Cruz mostra a que veio neste filme.

Minhas lamentações vão para a não indicação do brasileiro “Linha de Passe” e de “O ensaio sobre a cegueira”. Este último, confesso, por ser a adaptação de um dos romances mais interessantes do meu autor preferido. Escolha pessoal, emocional e não técnica, embora eu ache que tenha sido um grande filme.

A cerimônia de divulgação dos prêmios será no dia 22 de fevereiro em Los Angeles. Correm rumores de que, por ser domingo de carnaval, a rede Globo não transmitirá o evento.
Deixo aqui meus protestos: já é a segunda vez que programas interessantes são cancelados. A exibição da minissérie Som e Fúria, do cineasta Fernando Meirelles, que deveria ir ao ar em fevereiro foi adiada para junho devido ao início do Big Brother Brasil.

Bem, lamentações a parte, aí vai a lista completa:

Melhor diretor
David Fincher -
O Curioso Caso de Benjamin Button
Ron Howard -
Frost/Nixon
Gus Van Sant
- Milk - A Voz da Liberdade
Stephen Daldry -
O Leitor
Danny Boyle -
Quem Quer Ser Um Milionário?

Melhor ator
Mickey Rourke - O Lutador
Sean Penn -
Milk - A Voz da Liberdade
Frank Langella –
Frost/Nixon
Brad Pitt -
O Curioso Caso de Benjamin Button
Richard Jenkins - The visitor

Melhor atriz
Meryl Streep – Dúvida
Kate Winslet –
O Leitor
Anne Hathaway – O Casamento de Rachel
Angelina Jolie – A Troca
Melissa Leo - Rio Congelado

Melhor ator coadjuvante
Heath Ledger -
Batman – O Cavaleiro das Trevas
Josh Brolin -
Milk - A Voz da Liberdade
Robert Downey Jr. - Trovão Tropical
Philip Seymour Hoffman - Dúvida
Michael Shannon - Foi Apenas um Sonho

Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams - Dúvida
Penélope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Viola Davis - Dúvida
Taraji P. Henson -
O Curioso Caso de Benjamin Button
Marisa Tomei - O Lutador

Melhor Animação Longa-Metragem
Bolt - Supercão
Kung Fu Panda
Wall-E

Melhor Roteiro Original
Rio Congelado
Simplesmente Feliz
Na Mira do Chefe
Milk - A Voz da Liberdade
Wall-E

Melhor Direção de Arte
A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman – O Cavaleiro das Trevas
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho

Melhor Figurino
Austrália
O Curioso Caso de Benjamin Button
A Duquesa
Milk - A Voz da Liberdade
Foi Apenas um Sonho

Melhor Filme Estrangeiro
The Baader Meinhoff Complex (Alemanha)
Entre os Muros da Escola (Entre les Murs - França)
Okuribito (Japão)
Revanche (Áustria)
Waltz with Bashir (Israel)

Melhor Documentário
The Betrayal (Nerakhoon)
Encounters at the End of the World
The Garden
Man on Wire
Trouble the Water

Melhor Documentário Curta-Metragem
The Conscience of Nhem En
The Final Inch
Smile Pinki
The Witness - From the Balcony of Room 306

Melhor Maquiagem
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman – O Cavaleiro das Trevas
Hellboy II - O Exército Dourado

Melhor Canção Original
"Down to Earth" -
Wall-E
"Jai Ho" -
Quem Quer Ser Um Milionário?
"O Saya" -
Quem Quer Ser Um Milionário?

Melhor Curta Animado
La Maison en Petits Cubes
Lavatory - Lovestory
Oktapodi
Presto
This Way up

Melhor Curta Live-Action
Auf Der Strecke (On the Line)
Manon on the Asphalt
New Boy
The Pig
Spielzeugland (Toyland)

Melhor Edição de Som
Batman – O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro
Quem Quer Ser Um Milionário?
Wall-E
O Procurado
Abraço!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Prefiro não fazer!

Já percebeu quantas vezes por dia você é obrigado a fazer coisas de que não gosta e como seria bom se pudesse simplesmente deixar de fazê-las. Infelizmente as coisas não são assim para nós. Diariamente somos obrigados a vestir determinado tipo de roupa, a comer determinado tipo de comida, a levantar cedo quando a cama nos chama etc. São nossas obrigações e muitas vezes nós as cumprimos sem questionamentos.

Nesse momento percebemos como seria bom se pudéssemos responder “Prefiro não fazer!” Mas nem sempre essa frase será uma boa escolha.

Em “Bartleby: o escriturário” de Hermann Melville, a personagem Bartleby, escriturário contratado por um escritório de advocacia, deixa de cumprir com suas obrigações utilizando essa frase. Não é exatamente uma recusa, nem uma afronta. É uma desistência. Um momento que seria o de se libertar de valores pré-estabelecidos torna-se o momento de prender-se a eles, pois, embora tenha uma atitude contrária à esperada ele não constrói uma alternativa. Apenas fica estagnado, a ponto de, mesmo após a mudança do escritório, ele continuar sozinho no prédio.

Bartleby apenas desiste de sua vida e não tem forças para construir uma nova. Até mesmo sua linguagem se esvai e se restringe à “Prefiro não...” Perceba que esta frase nem é uma negação, mas uma expressão, uma decisão entre duas coisas. No caso da personagem, não é uma decisão entre fazer uma ou outra coisa, como costuma-se pensar, mas entre fazer e não fazer. Ele simplesmente prefere não mover-se. Não vai em busca de algo novo ou de transformação. Percebe que não quer mais aquela vida e mesmo assim continua nela.

É possível perceber, além disso, como o comportamento de apenas uma pessoa é capaz de alterar o comportamento dos que estão à sua volta. A partir do momento em que Bartleby começa a recusar-se a trabalhar utilizando a sua famosa frase, os demais escriturários, sem perceberem, começam a fazer o mesmo e até o verbo “preferir” passa a fazer parte do cotidiano do escritório. A estagnação parece ser contagiosa.

O livrinho (sim, são apenas 100 p.) me lembrou também “O ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago, em que as pessoas tornam-se cegas pelo contato com os demais. Leve-se em consideração o caráter alegórico da cegueira neste romance, que acredito também estar em “Bartleby: o escriturário”.

Sei que esta minha frase parecerá piegas e saída dos livros de auto-ajuda. Lembro-me, no entanto, que uma de minhas professoras da graduação disse que toda literatura é auto-ajuda, pois nos proporciona conhecer melhor o mundo e nós mesmos. Então lá vai:
Não digo que não devamos nos questionar. Acredito, sim, que é melhor nos sujeitar a fazer algo que não gostamos do que não fazer nada e desistir!

Para os fãs do cinema, localizei três adaptações: Ludwig Cremer (1963), Antony Friedman (1970) e Jonathan Parker (2001).
Existem edições de “Bartleby: o escriturário” pela LP&M e pela Rocco e pode ser adquirido por uma bagatela. Tem cerca de 100 páginas. Ótimo para ler no ônibus, na fila do banco... Mas você pode preferir não ler! A escolha é tua!
Abraço!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Poesia para a vida

Diário – Miguel Torga

Toda a semana me apeteceu gostar da Vida,
Por causa desse dia, que sonhei
Tão grande como o Dia de Juízo...
Afinal, anoiteceu,
E o meu pobre coração
Trabalha como nos dias
Em que nada aconteceu.

Ora isto vem de tão longe,
É já tão velho e revelho
Adormecer como um justo
E acordar roubado e morto;
É natural em mim
A ânsia ser um aborto
Ao fim
Dos nove meses do prazo,
Que era lógico e seguro
Ouvir cantar as sereias
Sem fazer caso...

Ah! Mas isso é que não! Ninguém se iluda!
Ninguém pense que vou desanimar!
Não, senhor:
A sagrada Teologia
Previu isto e muito mais...
Deus lá sabe
As linhas com que se cose...
Se para meu sumo bem
Terá de aumentar a dosa...


Apeteceu-me apresentar o poeta. Miguel Torga (1907-1995) é português, pertencente à fase denominada Presencismo, visto que é contemporânea da importante revista literária “Presença”, da qual fez parte o poeta. As tendências seguidas por este movimento não poderiam ser melhores: Dostoiévski, Proust e Gide. Miguel Torga é, na verdade, o pseudônimo de Adolfo Correia Rocha. Seus poemas, de caráter humanista, exprimem o transcendental, a experiência e a fatalidade de Ser. Escreveu predominantemente poesia, mas sua obra consta também de prosa de ficção, relato de viagens e teatro.

Outros textos do autor:
Livro de Horas
Identidade
Orfeu rebelde
Guerra Civil
Comunicado

Os livros do autor você pode conferir e comprar
aqui.

Abraço!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

3 textos sobre literatura que você pode ler na internet

De modo geral, somos acostumados a ler textos teóricos e reflexivos em sala de aula, mas ainda acredito que haja alguns loucos como eu que se interessam por isso em seus momentos de lazer.

Muitos falam mal da internet, mas trago aqui três motivos muitos bons para ficar por aqui. São três textos de pessoas conhecidas da área da literatura que falam sobre o papel que a literatura desempenha na sociedade.

Em “A importância da leitura para a humanidade”, Mario Vargas Llosa fala sobre os benefícios da leitura de ficção para nossas vidas, nos levando a um mundo muito mais interessante, em que os padrões em que vivemos são destruídos e podemos ser livres. O autor pensa na literatura como uma possibilidade de nos reconhecer como um grupo, observar nossos problemas, que são universais. Além disso, Llosa não deixa de falar sobre o caráter mais prático da leitura: aquisição de vocabulário, ampliação da capacidade de raciocínio e reflexão. Eis um texto que vale a pena ler.

Em “A literatura contra o efêmero”, Umberto Eco faz uma análise do modo como as pessoas vêem a literatura atualmente e a experiências que ela nos proporciona a cada leitura, a possibilidade que temos, através da leitura de presenciar e experimentar o impossível. A exemplo de Llosa, Eco também fala sobre a utilidade da literatura. Mas há uma utilidade para ela?

Em “Escritor recomenda romances clássicos aos novos leitores”, Moacir Scliar faz um guia para novos leitores, aqueles que, ao perceberem a necessidade da literatura para suas vidas, não sabe por onde começar ou para aqueles que, tendo já começado, querem recomeçar e ampliar seus conhecimentos sobre a arte. Neste texto, encontramos listas dos 10 clássicos indispensáveis, dos 10 brasileiros indispensáveis e dos 10 clássicos do século XX. Temos aí 30 livros para nossa lista de próximas leituras.

Você pode fazer o download dos três textos aqui.

Abraço e boa leitura!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Eu até vou a um bar, tomo uma cerveja ou um vinho, como uma pizza, mas não sou muito de balada não!

Sábado pra mim é dia de filme.

A minha indicação de hoje é “
No vale das sombras” (veja aqui a ficha técnica). Com Susan Sarandon, Tommy Lee Jones e Charlize Theron e dirigido por Paul Haggis (de Chash), a sinopse do filme faz com que quase desistamos de vê-lo, pois parece ser apenas mais um filme sobre a guerra do Iraque.

O enredo, no entanto, surpreende. O filme faz uma radiografia da guerra e traz, de forma objetiva, todos os dramas nela envolvidos. Temos um interessantíssimo drama familiar e um retrato do tratamento que os soldados recebem no Iraque até se transformarem no que são.

Quem se chocou com as cenas exibidas na TV, aquelas terríveis cenas de tortura de que os soldados americanos se orgulhavam em fazer, e achou que esses mesmos soldados eram uns bichos, talvez não mude de opinião. Sim, eles são bichos, por que é como os tratam!

Além disso, o filme mostra a falta de envolvimento dos policiais com seu trabalho e a burocracia que impede que as coisas andem (não, não é só no Brasil que isso acontece!) e impede um pai de família de descobrir o motivo da morte de seu filho.

Neste momento vale, inclusive, torcer para que o novo presidente dos Estados Unidos seja um pouco mais humano e inteligente!


Puxa, não quero estragar a surpresa! Este filme vale a pena ser visto!

Abraço!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Carnaval e arte

Na última semana, a rede Globo me proporcionou uma ótima surpresa. Sabe, não sou uma adepta do carnaval, destas que fazem festa durante uma semana, pelo contrário. Mas este ano eu vou assistir (pela TV é claro) a pelo menos um desfile: o da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Pois então: estes dias estava assistindo “A Favorita”, porque ninguém é de ferro, e me deparei, no intervalo, com o clipe do samba-enredo da escola. O tema é dos meus. Transcrevo a letra que tirei do Radbox. Lá você encontra as letras deste ano de todas as escolas.


CLUBE LITERÁRIO MACHADO DE ASSIS E GUIMARÃES ROSA... ESTRELAS EM POESIA

Reluzente, estrela de um encontro divinal!
Risca o céu em poesias
Traz a magia pra reger meu carnaval
Despertam das páginas do tempo
Romances, personagens, sentimentos…
Machado de Assis que fez da vida sua inspiração
Um literato iluminado
As obras, um destino, a superação
Nos olhos da arte, reflete o legado
Do gênio imortal, do bruxo amado
Que deu ao jornal, um tom verdadeiro
Apaixonado pelo Rio de Janeiro

A canção do meu sarau te faz sonhar
A emoção vai te levar…
A estrela adormece, na paz do amor
Abençoado um novo sol brilhou

O vento traz Rosa de Minas
Rosa do mundo pra te encantar
Palavras que tocam a alma
Fascinam e tem poder de curar
Pelas veredas do sertão, a fé, o povo em oração
Pedindo a santa em romaria, pra chover em nosso chão
Mistérios na vida desse escritor
Revelam histórias de um sonhador
Brasil de tantas artes, nas letras sedução
Herança em cada coração
Mocidade, a sua estrela sempre vai brilhar!
Um show de poesia, em nossa academia
Saudade em verso e prosa vai ficar.

Fiquei curiosa para saber como será o desfile. Achei uma grande idéia, pois acredito que os escritores, tanto Machado de Assis quando Guimarães Rosa retratam e formam, junto do carnaval e do futebol, a alma do brasileiro. Como falei, não sou fã, mas devo admitir que o carnaval merece respeito, pois é umas das coisas que melhor representam o nosso país.

Depois do Museu da Língua Portuguesa, que já teve exposições de todos os autores, de todos os congressos temáticos do centenário, da minissérie “Capitu”, eis uma homenagem bem feita e dirigida a toda a população e não apenas à elite.

Tenho tanta esperança que os foliões tenham lido alguma obra dos autores!

Os dois escritores têm uma vasta obra. Machado de Assis foi o único brasileiro citado pelo americano Harold Bloom em “O Gênio”, que escolheu apenas os melhores escritores, além de ser considerado pelo crítico como o melhor escritor afro-descendente de toda a literatura universal. Sua obra já está em domínio público, o que significa que podemos ler a versão digital de seus livros gratuitamente. A exposição sobre o autor ainda está no Museu da Língua Portuguesa.

Guimarães Rosa foi o autor que inaugurou o Museu e escreveu uma das obras eu(Eu sei que não sou nenhum Harold Bloom!) considero uma das mais importantes da história da literatura, e acho que quem já leu concorda comigo: “Grande sertão: veredas” é tão regional e tão universal que me deixa confusa, toca tão fundo na alma que emociona. Esse é um daqueles calhamaços (são mais de 500 páginas) de papel que devoramos, sem medo, sem culpa e sem preguiça!

O cinema e a TV se apropriaram de várias obras do autor. O blog A sétima Arte traz uma lista das adaptações de Machado de Assis, embora não esteja muito bem atualizado. Já o site Imagem Tempo traz informações completas sobre as adaptações de Guimarães Rosa. Ambos valem a pena ser conferidos.

Abraço!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Los abrazos rotos" - Pedro Almodóvar

Acredito que todos conheçam Pedro Almodóvar, o diretor espanhol.
Pois então! O diretor terminou de filmar “Los abrazos rotos”, que conta (Olha a surpresa!!!!) com
Penélope Cruz (loira) no elenco, além de Lola Dueñas, Ángela Molina, Carlos Leal e Rubén Ochandiano.

Se seguir a linha de seus demais filmes, “Los abrazos rotos” terá o mesmo apelo de estranhamento dos demais, visto que não conseguimos reconhecer os acontecimentos narrados, o que ocasiona uma recepção difícil da obra e nos faz ficar grudados (mesmo quando espantados) na tela. É o que me fascina. Quem não teve essa sensação de estranhamento ao assistir “Fale com ela”, por exemplo?

Além disso, como todos os demais, “Los abrazos rotos” me faz aguardar ansiosamente pela trilha sonora e pela fotografia do filme, que são sempre maravilhosas.

Inspirado em um momento difícil de sua vida, quando teve fotofobia, o filme trará um drama romântico, em que Lena, personagem de Penélope Cruz, tem uma vida dupla: transforma-se de uma mulher sofrida e cansada em uma moça popular, interessante e cheia de auto-estima.

O filme deve estrear na Espanha em março, mas só deve chegar ao Brasil no segundo semestre, quando iniciar a temporada de mostras internacionais. Durante as filmagens, Almodóvar iniciou um
blog que vale a pena ser lido, mas é só para quem entende espanhol, mesmo.

Para falar um pouco mais sobre o diretor, no ano passado foi lançado “Conversas com Almodóvar”, de Frédéric Strauss, um livro de entrevistas através do qual temos acesso à sua biografia, seus textos, fotos e filmografia. Vale a pena conferir também!

FILMOGRAFIA DE PEDRO ALMODÓVAR

2009 – Los abrazos rotos (pós-produção)
2006 -
Volver (Volver, Esp.)
2004 -
A Má Educação (La Mala Educación, Esp.)
2002 -
Fale com Ela (Hable con Ella, Esp., Fra.)
1999 -
Tudo Sobre Minha Mãe (Todo sobre mi madre, Esp., Fra.)
1997 -
Carne Trêmula (Carne trémula, Esp., Fra.)
1995 -
A Flor do Meu Segredo (La flor de mi secreto, Esp., Fra.)
1993 -
Kika (Kika, Esp., Fra.)
1991 -
De Salto Alto (Tacones lejanos, Esp., Fra.)
1990 -
Ata-me!Átame!, Esp.)
1988 -
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (Mujeres al borde de un ataque de nervios, Esp.)
1987 -
A Lei do Desejo (La Ley del deseo, Esp.)
1986 -
Matador (Matador, Esp.)
1985 - Tráiler para amantes de lo prohibido (media metragem para o programa da TVE c)
1984 -
¿Qué he hecho yo para merecer esto?
1983 - Maus Hábitos (Entre tinieblas, Esp.)
1982 -
Labirinto de Paixões (Laberinto de pasiones, Esp.)
1980 -
Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón
1978 - Folle... folle... fólleme Tim!
1977 - Sexo va, sexo viene
1976 - Muerte en la carretera
1976 - Sea caritativo
1975 - Blancor
1975 - La Caída de Sódoma
1975 - Homenaje
1975 - El Sueño, o la estrella
1974 - Dos putas, o historia de amor que termina en boda
1974 - Film político


Veja o preço dos DVDs aqui!

OK! Confesso! Ele é meu diretor preferido!


Abraço!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Do microondas ao micro-ondas: cozinhando a língua portuguesa

PARTE I: NO MICROONDAS
PARECER DO SENSOR DO SANTO OFÍCIO NA EDIÇÃO DE 1572 DE “OS LUSÍADAS”

Vi por mandado da santa & geral inquisição estes dez cantos dos Lusiadas de Luis de Camões, dos valerosos feitos em armas que os Portugueses fizerão em Asia & Europa, e não achey nelles cousa alguã escandalosa nem contrária â Fe & bõs costumes, somente me pareceo que era necessario advertir os Lectores que o Autor pêra encarecer a difficuldade da navegação & entrada dos Portugueses na India, usa de huã fição dos Deoses dos Gentios. E ainda que sancto Augustinho nas sas Retractações se retracte de ter chamado nos liuros que compos de Ordine, aas Musas Deosas. Toda via como isto He Poesia & fingimento, & o Autor como poeta, não pretende mais que ornar o estilo Poetico não tivemos por inconveniente yr esta fabula dos Deoses na obra, conhecendoa por tal, & ficando sempre salua a verdade de nossa sancta Fe, que todos os Deoses dos Gentios sam Demonios. E por isso me pareceo o liuro digno de se imprimir, & o Autor mostra nelle muito engenho & muita erudição nas sciencias humanas. Em fe do qual assiney aqui.

Frey Bertholameu Ferreira


Lendo um texto como esse, é difícil acreditar que se trata da mesma língua que falamos hoje. Trata-se, de fato, da nossa língua? Sim, trata-se das origens de nossa língua. Muitas pessoas afirmam que a Língua Portuguesa tomou sua forma e desvencilhou-se de vez do Latim antigo com a publicação de “Os Lusíadas”, que teria sido a inspiração para os gramáticos do século XVI. Porém, com exceção de algum vocabulário, das gramáticas e da literatura, guardamos muito pouco dessa língua. No Brasil, podemos dizer que o único resquício dela é o Hino Nacional, com seu vocabulário requintado e suas inversões gramaticais.

As transformações são comuns em qualquer língua e elas acontecem naturalmente. É na conivência com diversas línguas e culturas pela necessidade de seus falantes que ela se transforma. Não fosse assim, ainda hoje estaríamos falando Latim. As novas expressões e as adaptações entram oficialmente no idioma apenas depois de estarem cristalizadas na boca do povo há muito tempo.

Aqui mesmo no nosso país, encontramos diversas variantes da Língua Portuguesa, com seus sotaques e vocábulos próprios: há o jeitinho cantado dos falantes do sul, o “s” puxado e arrastado dos cariocas, a língua preguiçosa e mole do nordeste... É impossível existir um idioma heterogêneo e único num país, pois a língua é parte constitutiva da identidade pessoal e coletiva dos seus falantes, de forma que uma unificação linguística seria uma perda de seus valores e sua identidade dos falantes, teríamos um povo heterogêneo.

Duas ações recentes interessantíssimas a esse respeito foram o documentário “
Língua – vidas em português” que abrange todos os países lusófonos (você pode ver um trecho no youtube) e o “Museu de Língua Portuguesa” que é, hoje, o museu mais visitado do Brasil, atualmente com a exposição sobre Machado de Assis.

Como nem tudo é perfeito, nesse contexto surge o tal do Acordo Ortográfico para complicar a nossa vida. Sobre isso, falaremos amanhã.

Enquanto isso, divirtam-se comentando e vendo opiniões sobre o Acordo no blog
Transtornando o Incerto e lendo a entrevista do diretor do Museu da Língua Portuguesa à Folha de São Paulo.
Abraço!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Cinema brasileiro em questão

Quase diariamente, ouvimos falar sobre os abalos que a crise mundial está causando no ramo cultural. Igualmente, vemos, por parte de nossos governantes, uma atitude de negação, como se o Brasil não estivesse inserido nessa crise. Não está mesmo?

Segundo a
Academia Brasileira de Cinema foram lançados no ano passado 51 longas de ficção, 24 longas documentários e 1 longa de animação, totalizando 76 filmes. Destes, destacam-se “Linha de Passe” (Walter Sales, que figura na lista dos melhores filmes de 2008 eleitos pelos críticos do mundo) e “Estômago” (Marcos Jorge, uma produção brasileira e italiana, filmada em Curitiba).

No entanto, poucos foram os espectadores para estes filmes. Segundo a Ancine, citada pela
Ilustrada online, menos de 10% dos espectadores pagantes no Brasil assistiram a filmes nacionais. Para tentar amenizar esta situação, o Governo de São Paulo resolveu distribuir 2,5 milhões de ingressos para filmes brasileiros, dos quais 1,9 milhões foram efetivamente utilizados. Mas isso resolve a questão? Será que todo esse dinheiro não poderia ser investido para melhorar a qualidade das nossas produções?

O problema encontrado aqui não é que as pessoas não vão ao cinema, mas que elas preferem usar seu dinheiro para ver filmes de melhor qualidade. Se eu tenho dinheiro para ir a apenas uma sessão, vou ter de escolher bem qual filme vou assistir. Se preciso decidir entre “O guerreiro Didi e a Ninja Lili” e “Batman: o cavaleiro das trevas”, é óbvio que escolherei o segundo, pois sei que estarei utilizando meu dinheiro em algo que vale a pena, que foi feito com profissionalismo e cuidado.

Prova de que não falta inteligência e capacidade, mas dinheiro, para se fazer um bom filme são “Linha de Passe”, “Estômago” e as produções americana do diretor brasileiro Fernando Meirelles “
Ensaio sobre a cegueira” e “O jardineiro fiel”, ou seja, os brasileiros têm sim boas ideias e sabem como fazer um bom filme, mas não recebem incentivos, ou recebem muito pouco, para isso.

A qualidade da novela das oito também é contestável, mas ao menos não precisamos pagar para vê-la. Que crise!

sábado, 10 de janeiro de 2009

"A viagem do elefante" de José Saramago - um presente de português

De presente, um elefante. Alguém já pensou nisso? Pois no século XVI, o rei D. João III resolveu presentear o arquiduque de Áustria, Maximiliano II com o elefante Salomão. Presente de grego? Não. Presente de português. Para chegar ao seu destino, Salomão teve de percorrer com suas próprias pernas toda a viagem de Portugal a Áustria. Este é o fato em que se baseia o mais novo romance de José Saramago: “A viagem do elefante” .

Durante a viagem, vemos os desrespeitos por que Salomão tem de passar, tendo seus horários de sono diminuídos, sendo chamado de Solimão e se vendo obrigado a produzir milagres para a igreja católica etc. Algum tempo depois de chegar a Viena, descobrimos uma coisa: sempre chegamos aonde temos que chegar.

A exemplo de “Memorial do convento”, “O ano da morte de Ricardo Reis” e “História do cerco de Lisboa”, José Saramago consegue construir mais um romance histórico da melhor qualidade, com questionamentos que nos levam a pensar: o que conhecemos como a História é realmente a nossa história ou apenas uma versão dela.

Muitas são as similaridades e aproximações entre Literatura e História, pois vários são os recursos utilizados por ambas: a narratividade, a temporalidade, a espacialidade. No Romance Histórico, a fronteira entre ambas praticamente deixa de existir, pois, além de utilizarem o mesmo material, ambos trabalham com o conceito de ficcionalização.

Embora a História tenha um compromisso com a verdade, inúmeras vezes o historiador se vê obrigado a preencher lacunas, e o faz por meio da ficção, e inserindo nela seus próprios valores e pontos de vista.

Os romances retratam e refletem sobre um acontecimento histórico de forma muitas vezes mais acurada do que a História propriamente dita, pois tem a possibilidade de ir mais a fundo nos fatos, cutucá-los para avivar a ferida e expô-la aos leitores. Mais do que a simples narração de fatos, através do romance histórico, temos a possibilidade de penetrar da consciência dos personagens históricos e entender melhor a história. Obviamente, o romance não traz a verdade, mas a possibilidade, o que não deixa de ser mais uma forma possível de reflexão, talvez a principal objetivo do romance histórico. Para tanto, estão no romance essas distorções, essas personagens históricas em contato com as fictícias, esta metalinguagem, essa ironia tão própria de José Saramago. O romance histórico não está interessado em narrar fatos históricos. Mais que isso, está interessado em (des) construí-los e (des) mitificá-los.

Mais uma vez, é isto que Saramago nos traz em seu romance: uma possibilidade e uma reflexão sobre a nossa natureza, a forma como submetemos as coisas, pessoas e elefantes a nossos caprichos.

No lançamento do livro em São Paulo, José Saramago falou sobre os processos de construção desse romance e afirmou não ser o pior de seus romances e nem o melhor. Certamente é diferente, embora tenha todas as melhores características de suas obras. É um maravilhoso presente de português aos leitores.

Ah! Confiram o Caderno de Saramago, atualizado quase diariamente pelo próprio escritor e o Blog da Fundação José Saramago, de responsabilidade da sua esposa Pilar.

Você já leu? Gostou? Não gostou? Leu sobre? Quer ler? Comente.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sobre mim

Bem, meu nome é Angelis, sou graduada em Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e mestranda em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente, trabalho como bolsista egressa num projeto de extensão da UEPG chamado "Literatura e Cinema na Formação Humana", em que fazemos ações de mobilização e incentivo à leitura de obras literárias e cinematográficas, além de proporcionar apoio aos estudantes de licenciaturas e professores da rede pública.
No mestrado, sou orientanda da Professora Doutora Anamaria Filizola e estudo, principalmente, a ficção histórica em dois textos do autor português, nobel em 1998, José Saramago (Memorial do Convento e Que farei com este livro?)
Sou apaixonada por literatura, cinema, música e artes em geral, o que justifica a existência deste blog.
Mais sobre mim, confira no meu perfil do orkut.
Abraço!