O filme Melinda e Melinda (2004), do diretor Woody Allen, é muito mais do que uma produção cinematográfica. Possui as características mais marcantes do diretor: poucos cortes, cenas vazias, vozes em off, comicidade.
Mas, mais do que um filme, em Melinda e Melinda, Woody Alllen faz uma reflexão sobre a tragédia e a comédia, desenvolvendo duas histórias paralelas para uma mesma personagem.
Tudo se inicia com uma discussão entre diretores cinematográficos sobre a essência da vida: seria ela cômica ou trágica? O desenrolar dos fatos nos mostra como podemos ter visões e reações diferentes para um mesmo fato.
As duas histórias têm basicamente os mesmos elementos e o mesmo enredo: Melinda, separada do marido, muda-se para outro local, encontra um grupo de pessoas jantando... e por aí vai... A construção das duas partes do filme ficam muito bem definidas, mesmo as personagens. Cenas mais escuras, música triste, chuva e um cabelo desgrenhado para a Melinda trágica. Sol, roupas coloridas, música alegre e um visual bem leve para a Melinda cômica.
Como sempre, a impressão de que estamos assistindo a uma cena real, a impressão de realidade, é cortada por Woody Allen, a partir do momento em que sabemos que as histórias estão sendo apenas imaginadas pelos diretores para ilustrar uma discussão, até o momento em que o filme acaba com um estalar de dedos do diretor-personagem. Mesmo assim, não se consegue desgrudar da tela por um minuto e por momentos se esquece que a história que estamos vendo não é da Melinda, mas dos diretores.
Bem, essa é minha dica de filme para o final de semana! Aguardo os comentários.