terça-feira, 13 de março de 2012

Saga - Helena Kolody

SAGA


No fluir secreto da vida,

atravessei os milênios.


Vim dos vikings navegantes,

cujas naus aventureiras

traçaram rotas nos mapas.

Ousados conquistadores

fundaram Kiev antiga,

plantando um marco na história

de meus ancestrais.


Vim da Ucrânia valorosa,

que foi Russ e foi Rutênia.

Povo indomável, não cala

a sua voz sem algemas.


Vim das levas de imigrantes

que trouxeram na equipagem

a coragem e a esperança.


Em sua luta sofrida,

correu no rosto cansado,

com o suor do trabalho,

o quieto pranto saudoso.


Vim de meu berço selvagem,

lar singelo à beira d'água,

no sertão paranaense.

Milhares de passarinhos

me acordavam nas primeiras

madrugadas da existência.


Feliz menina descalça,

vim das cantigas de roda,

dos jogos de amarelinha,

do tempo do “era uma vez...”


Por fim ancorei para sempre

em teu coração planaltino,

Curitiba, meu amor!


(Helena Kolody)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Realismo e Burguesia em Jane Austen: Persuasão

Escrito pela inglesa Jane Austen e publicado postumamente em 1818, Persuasão foi o último romance da escritora e, embora tenha sido escrito muito antes do advento da escola realista, pode-se captar em sua obra muitas das características do realismo.

Advinda da sociedade burguesa da época, é comum encontrarmos em seus romances um retrato e uma crítica à burguesia e seus valores, de onde surgem os temas principais de Persuasão. Na sociedade burguesa, era muito difícil que alguém mudasse de classe social, sendo que os menos privilegiados viviam à margem da sociedade, sem possibilidade de alcançar uma posição social mais elevada.

Uma das poucas soluções para se conseguir uma elevação de classes era através do matrimonio com alguém da alta sociedade. Embora as famílias abastadas não aceitassem que seus filhos se casassem com pessoas de classe inferior, muitos eram os golpes.

A persuasão também é uma temática bastante presente no livro – a ponto de o romance levar este título – e na burguesia retratada, pois muitas vezes as pessoas eram aconselhadas e até forçadas a deixarem seus valores e sentimentos de lado para representar um papel imposto pela sociedade. Anne é uma personagem que sofre com isso, acabando por trocar suas convicções pela sugestão de sua madrinha. Assim é que ela acaba desistindo do casamento com Wentworth.

– Deveria ter feito uma distinção – replicou Anne – Não deveria ter suspeitado de mim, agora; o caso é tão diferente, minha idade, outra. Se errei uma vez ao ceder à persuasão, lembre-se de que foi por esta ser exercida em favor da segurança, e não do risco. Quando me submeti, pensei que era este o meu dever; mas nenhum dever poderia ser chamado em auxílio no caso. Ao me casar com um homem indiferente a mim, incorreria em todos os riscos, e violaria todos os deveres. (AUSTEN, 2007, p. 289)

A partir dessa reflexão de Anne somos levados a avaliar a importância e a força da persuasão, se ela seria uma força negativa ou positiva agindo no romance e na vida das personagens. Esses temas, trabalhados como foram por Jane Austen em Persuasão, dão créditos de realidade ao texto, pois fazem parte dos valores das pessoas que viviam na época. São temas e tramas da vida real trazidas à literatura.


Outras coisas que não deixam a deseja no romance são as descrições. característica muto comum do realismo, as descrições de Jane Austen beiram a perfeição:

E como não houvesse nada para se admirar, o olhar do visitante se voltava para a invejável localização da cidade, a rua principal quase se precipitando na água, o passeio ao Cobb, suas antigas maravilhas e novos melhoramentos, com a linda linha de rochedos estendendo-se para leste da cidade. E seria um estranho visitante quem não visse encantos nas redondezas de Lyme, nem tivesse vontade de conhecê-la melhor! As paisagens nas suas redondezas, Charmouth, com suas terras altas e grandes extensões de campos, e ainda a suave baía retirada, emoldurada por escuros penhascos, onde fragmentos de rochas baixas, entre a areia, tornam-na o local mais propício para observar o fluxo da maré e sentar-se em incansável contemplação; as diferentes variedades de árvores da alegre vila de Up Lyme, e, principalmente, de Pinny, com suas verdes ravinas por entre tochas românticas, onde esparsas árvores de floresta e hortas luxuriantes indicam que muitas gerações se passaram desde a primeira queda parcial do rochedo preparasse o campo nesse aspecto, onde surge um cenário tão maravilhoso e adorável, que bem pode igualar qualquer paisagem da tão famosa ilha de Wight: esses lugares devem ser visitados e revisitados, para se compreender o valor de Lyme. (Idem, p. 125, 126)


Em 2007, criado para ser exibido na TV, sob a direção de Adrian Shergold, Persuasão recebeu uma adaptação cinematográfica que deixa muito pouco a desejar. A fotografia é, de fato, muito bonita e a fidelidade ao romance alcança um alto nível.

Para quem gostou de ler, ou assitir, "Razão e Sensibilidade", "Orgulho e Preconceito" e "Emma", "Persuasão" é uma boa pedida! Há também, uma belíssima biografia, para quem se interessa pela universo da autora, Becoming Jane, que deixa bem claro a sociedade em que ela viviam e as influencias que recebeu. Vai a dica!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Mil anos menos cinquenta, de Ângela Abreu (Dutra de Menezes)

A mesma verdade pode mudar de aparência, dependendo de como é contada: igual à idade de Noé – 950 anos, diz a Bíblia (Gênesis 8, 29); Mil anos menos cinqüenta, explica, com mais poesia, o Alcorão (29, 14). Dois livros, dois simbolismos, duas maneiras de pensar revelando a mesma história – a de séculos, um milênio, ou quase isto.  Exato o tempos gasto por ma família em sua caminhada entre Coimbra reconquistada (1064) e o Brasil de hoje – mil anos menos cinqüenta de omissão, coragem, medo, solidão, fé no possível e, claro, muitas paixões. (Contra capa)
 

Logo quando iniciei o mestrado, um de meus professores passou uma lista de livros que deveríamos ler na sua disciplina, que falaria sobre Ficção Histórica. 

Nunca havia ouvido falar de Ângela Abreu, ou Ângela Dutra de Menezes, mas me surpreendi com a sua qualidade artística, principalmente pelo fato de quase todos os alunos da minha turma também não a conhecerem. Foi com curiosidade que iniciamos a leitura do romance que tem duas epígrafes igualmente surpreendentes: 

E disse Jesus: não julgueis que eu tenha vindo trazer paz à Terra. Não vim trazer a paz, mas a espada. (Evangelho de Mateus, capítulo 10, versículo 34) 

Resignai-vos ou não vos resigneis, o resultado será o mesmo. (Alcorão, sura 52, versículo 16)
 

Ao lermos o texto da contra-capa do livro (paratexto), percebemos que se trata de uma versão da História de Portugal. A epígrafe apenas ajuda a reforçar a idéia de oposição entre as duas religiões que fundaram o país e sua cultura: o catolicismo e o islamismo. 

Fica evidente também, principalmente quando se inicia a leitura, de fato, que se trata de uma paródia dos estudos religiosos e da história: 

Livro da genealogia de todos nós, filhos de Deus ou do Diabo, conforme cada destino. 

Ab’ul e Urraca geraram Afonso. Afonso gerou Pedro Afonso. Pedro Afonso gerou Fernando. Fernando, de Arshan, gerou Nabila e o varão Paulo Pio. Nabila gerou João Afonso e Mona. Mona gerou Joana. Joana gerou Brites. Brites gerou Constança. Constança gerou Ana e então teve o exílio de Coimbra. (p. 14)
 

Igualmente, todos os demais 72 capítulos (curtos) trazem uma epígrafe religiosa, por vezes tirada da Bíblia, outras do Alcorão. 

Ao final do livro, encontramos a Genealogia de Ab’ul e Urraca, uma ferramenta muito utilizada nos livros de história e que é muito útil em “Mil anos menos cinqüenta”, devido o grande número de personagens e ao longo tempo em que passa o enredo. 

Quase todas as personagens fazem referência a personalidades da História de Portugal, mas constroem uma história paralela que frequentemente se entrelaça com a história oficial. 

Como se fosse fácil, Urraca, 38ª geração de Ab’ul e Urraca, decidiu fazer-se ao mar, atravessar o oceano, levar seu sangue ao Brasil, o sangue e os olhos mouros, também os cabelos vermelhor, até os antigos defeitos, velhos vícios de sua gente – tentando ou não tentando, o final seria o mesmo, ao menos se distraía. Foi decidir e ir embora, assim deixara Coimbra, sem nem mesmo olhar para trás, e assim partiu Urraca, em uma manhã de inverno, levando pequena bagagem, apenas algumas roupas, raras moedas, contadas, dois livros de Dom Quixote, herança de sua mãe com quem aprendera a ler, livros de matar saudade, um dia eles seriam a alegria de uma neta mas isto, como saber, saber naquele momento, só de esperança, afinal, era do clã, trazia sonhos nas mãos – seria uma nova luta, isto já se sabia, por ser herança divina a luta não acabava mas em um País distante, novos chãos, novos caminhos, quem sabe haveria um canto para, enfim, a família conseguir viver em paz. (p. 258)
 

O enredo, como ficamos sabendo ao final do livro, e contado do Rio de Janeiro. Além de uma genealogia portuguesa, como daí viemos, esse livro não deixa de constituir, também, a nossa genealogia. 

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Os trabalhadores do Mar: trabalho pela vida

Segundo Victor Hugo, o homem possui três necessidades por quais ele precisa lutar e, portanto, três lutas a serem cumpridas. Em cada uma de seus livros A Notre-Dame de Paris, Os Miseráveis e Os trabalhadores do mar, o autor pretende expor cada uma dessas lutas e necessidades.

"A religião, a sociedade, a natureza: são as três lutas do homem. Estas três lutas são ao mesmo tempo as suas três necessidades; precisa crer, daí o tempo; precisa criar, daí a cidade; precisa viver, daí a charrua e o navio. Mas há três guerras nestas três soluções. Sai de todas a misteriosa dificuldade da vida. O homem tem de lutar com o obstáculo sob a forma de superstição, sob a forma preconceito e sob a forma elemento.” (p. 17)

Certa vez fui presenteada com Os trabalhadores do mar, de onde retirei a citação. Já esperava que fosse um bom livro, pois se trata de um clássico, mas me surpreendi descobrindo nele um dos melhores de todos os que li. Havia momentos em que ria muito e outros em que chorei emocionada com a situação.

Logo no início da leitura, o que mais chamou a atenção foi a posição do narrador, que assume a voz do povo, do senso comum, conhecendo o protagonista Gilliatt ao mesmo tempo que os leitores, compartilhando das mesmas dúvidas das demais personagens que conviviam com ele.

“Não estava fixa a opinião a respeito de Gilliatt.
Geralmente era tido por marcou. Outros acreditavam mesmo que fosse filho do diabo.
Quando uma mulher tem, do mesmo homem, sete filhos machos consecutivos, o sétimo é marcou. Mas, para isso, é necesário que nenhuma filha venha interromper a série dos rapazes...” (p.36)

Esse tipo de comentário esta presente em todo o romance, até o momento em que Gilliatt se apaixona. Depois disso, passamos a acompanhar e até sentir o sofrimento de Gilliat e sua luta pela vida, pela continuidade até o último momento.

Para não tirar o desejo de leitura, transcrevo mais um parágrafo, dos últimos do livro:

“Aqueles olhos fixos não se pareciam com coisa alguma que se possa ver na terra. Havia o inexprimível naquela pálpebra trágica e calma. O olhar tinha toda a soma de tranquilidade que deixa o sonho abortado; era a aceitação lúgubre de outro complemento. Uma figa de estrela deve ser acompanhada por olhares semelhantes. De quando em quando a obscuridade celeste aparecia naquela pálpebra cujo raio visual estava fixo num ponto do espaço. Ao mesmo tempo em que a água infinita subia à roda do rochedo Gild-Hom-‘Ur, ia subindo a imensa tranquilidade nos olhos profundos de Gilliat”(p. 365)


Um pouco sobre o autor: Poeta, dramaturgo e romancista, Victor Hugo é um dos mais importantes escritores franceses do período romântico. Terceiro filho de um major que, mais tarde, se tornaria um general do exército napoleónico, Victor Hugo passou a sua infância entre Paris, Nápoles e Madrid, consoante as viagens do pai. Em 1921, ano do seu casamento com uma amiga de infância, Adèle Foucher, publicou o seu primeiro livro de poemas, Odes et poésies diverses, com o qual ganhou uma pensão, concedida por Louis XVIII. Um ano mais tarde publicaria o seu primeiro romance, Han s’Islande.Os seus livros mais conhecidos são Notre-Dame de Paris (1831), O Corcunda de Notre-Dame e Os Miseráveis (1862). No final da sua vida, Victor Hugo foi político, deixando notáveis ensaios nesta área. Morreu em Paris, em 1885.

Edição Utilizada: HUGO, Victor. Os trabalhadores do mar. Trad. Machado de Assis. . São Paulo: Nova Cultural, 2003.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

ProJovem Urbano: impressões

Peço desculpas a todos pela demora em postar novamente, mas estou mudado de emprego e isso exigiu de mim um esforço enorme. Passei em um teste seletivo para professora do programa ProJovem Urbano e, para assumir o cargo, os professores passaram por um intensivo curso de pedagogia.

Desculpem-me as boas pedagogas, mas as que eu conheço são todas iguais, não conseguem virar o disco e, por quase 15 horas diárias, eu e mais 36 vítimas deste teste, ficamos ouvindo sempre as mesmas coisas (as mesmas que já havíamos ouvido também durante os 4 ou 5 anos de graduação). Isso durou 9 dias e incluiu sábados!

O programa do governo federal é mesmo muito interessante: pessoas de 18 a 29 anos que não tiveram, por algum motivo, possibilidade de terminar o ensino fundamental na idade correta puderam se matricular e, juntamente com o ensino fundamental, tem aulas de qualificação profissional (Construção e Reparos, Serviços Domésticos e Vestuário, no caso da minha cidade), informática (muitos nunca tocaram num computador!), inglês, e Participação Cidadã, disciplina desenvolvida por uma assistente social, que pretende conscientizar os alunos das mudanças que eles podem gerar em suas comunidades se souberem até onde vão seus direitos e como fazê-los valerem. Além de tudo isso, (agora vai parecer um pouco paternalista e assistencialista), se o aluno tiver no mínimo 75% de frequência e 75% de aproveitamento das disciplinas, receberá uma bolsa auxílio mensal no valor de R$100,00. O material didático que todos os alunos recebem é de ótima qualidade.

Ainda assim, muitos alunos reclamam por não ter transporte gratuito, uniforme gratuito ... Talvez estejam acostumados a conseguir tudo facilmente, reflexo de coisas que facilmente se consegue: bolsa-família, vale-gás, luz fraterna...

Na segunda-feira, quando começaram as aulas, alguns alunos já vieram me perguntar sobre a tal da bolsa e, quando falei que a primeira geralmente demora a sair, todos ficaram irritadíssimos, como se alguém os tivesse enganando ou roubando os tão valiosos R$100,00 que receberão. Alguns estão pouco interessados nesta oportunidade de melhorar o nível de estudo, fazer um curso de qualificação e aprender a mudar o que está próximo deles.

Acredito que, mesmo assim, alguns deles farão a diferença. Alguns estão lá porque sabem que perderam muito tempo na vida e querem melhorar ao menos um pouco a qualidade de vida de suas famílias. Tenho certeza de que também aprenderei muito com eles, com a experiência de vida que meninas de 23 anos, casadas há 10, com 4 filhos têm.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Portinari na coleção Castro Maya

No dia 21 de Março, sábado, estreou no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, a exposição Portinari na Coleção Castro Maya, que pretende retratar a relação entre oum dos maiores pintores da arte brasileira no século XX, Cândido Portinari, e um dos maiores colecionadores de obras nacionais, Raymundo Ottoni de Castro Maya, que se iniciou quando Castro Maya convidou Portinari para ilustrar o primeiro livro dos Cem Bibliófilos do Brasil, ocasião em que presenteou o colega com um retrato pintado por ele mesmo.


A exposição conta com 3 núcleos: Colecionador, com obras como Menino com Pião, O Sonho, A Barca, O Sapateiro de Brodósqui, Grupo de Meninas Brincando, Lavadeiras e Morro n.11; Mecenas, onde encontram-se obras encomendadas por Castro Maya, como Menino a chupar cana, Trabalhadores do engenho, Retrato de Menino, Velha Totonha e Homem a cavalo; e Amigos, com registros, fotos, documentos que comprovam a relação de afinidade entre artista e colecionador. Além disso, obras que ilustraram textos literários completam as 58 obras da exposição.

Depois de muito cedo viajar à Paris para aprimorar seus conhecimentos sobre a arte, Portinari volta ao Brasil, e passa a registrar o espírito do povo brasileiro em suas obras, tendo se transformado num ícone do Movimento Modernista. Sua produção está estimado em torno de 5 mil obras.

A exposição vai até 19 de julho. Os ingressos custam R$ 4,00 e R$ 2,00 para estudantes. Menores de 12 e maiores de 60 anos, bem como turmas do ensino básico de escolas públicas não pagam, e a arquitetura do Museu também é um espetáculo.

sábado, 14 de março de 2009

E se você fosse um livro? - Farenheit 451

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!

Farenheit 451 é um filme produzido em 1966 pelo diretor francês François Truffaut e o enredo se passa num futuro hipotético, quando as pessoas nem podem imaginar que as casas eram suscetíveis a pegar fogo e os bombeiros serviam para apagá-lo.

Neste momento, viver-se-ia num regime totalitário em que só teria futuro quem obedecesse a todas as regras:

— O que faz nas horas de folga, Montag?
— Muita coisa... corto a grama...
— E se fosse proibido?
— Ficaria olhando crescer, senhor.
— Você tem futuro.

Nesse futuro criado pelo escritor Ray Bradbury, num romance homônimo, os livros seriam proibidos e as pessoas que liam-nos eram castigadas e por vezes mortas. Quem guardava livros em casa era denunciado e os mesmos eram queimados pelos bombeiros, dos quais a personagem Montag é um exemplo. O nome do filme, é uma referência à temperatura de decomposição dos livros.

Após conhecer Clarisse, no entanto, uma professora e leitora assídua, ele lê seu primeiro livro (David Coperfield, de Charles Dickens) e passa a levar para casa os livros que deveria queimar. A mudança de comportamento de Montag é explícita. No entanto, sua esposa conformista descobre os livros em casa e denuncia-o. Sua morte é forjada pelos bombeiros e ele vai ao encontro de Clarisse na Terra dos homens-livro, uma espécie de aldeia em que cada pessoa memoriza e destrói um livro para poder publicá-lo no futuro.
Muitos provavelmente não gostarão do filme, dado suas imagens e produção tosca (revolucionária para a época) mas a moral do filme vale muito a pena. Pergunto-me como só fui descobri-lo há tão pouco tempo.... E me pergunto: que livro eu seria?