segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Cinema brasileiro em questão

Quase diariamente, ouvimos falar sobre os abalos que a crise mundial está causando no ramo cultural. Igualmente, vemos, por parte de nossos governantes, uma atitude de negação, como se o Brasil não estivesse inserido nessa crise. Não está mesmo?

Segundo a
Academia Brasileira de Cinema foram lançados no ano passado 51 longas de ficção, 24 longas documentários e 1 longa de animação, totalizando 76 filmes. Destes, destacam-se “Linha de Passe” (Walter Sales, que figura na lista dos melhores filmes de 2008 eleitos pelos críticos do mundo) e “Estômago” (Marcos Jorge, uma produção brasileira e italiana, filmada em Curitiba).

No entanto, poucos foram os espectadores para estes filmes. Segundo a Ancine, citada pela
Ilustrada online, menos de 10% dos espectadores pagantes no Brasil assistiram a filmes nacionais. Para tentar amenizar esta situação, o Governo de São Paulo resolveu distribuir 2,5 milhões de ingressos para filmes brasileiros, dos quais 1,9 milhões foram efetivamente utilizados. Mas isso resolve a questão? Será que todo esse dinheiro não poderia ser investido para melhorar a qualidade das nossas produções?

O problema encontrado aqui não é que as pessoas não vão ao cinema, mas que elas preferem usar seu dinheiro para ver filmes de melhor qualidade. Se eu tenho dinheiro para ir a apenas uma sessão, vou ter de escolher bem qual filme vou assistir. Se preciso decidir entre “O guerreiro Didi e a Ninja Lili” e “Batman: o cavaleiro das trevas”, é óbvio que escolherei o segundo, pois sei que estarei utilizando meu dinheiro em algo que vale a pena, que foi feito com profissionalismo e cuidado.

Prova de que não falta inteligência e capacidade, mas dinheiro, para se fazer um bom filme são “Linha de Passe”, “Estômago” e as produções americana do diretor brasileiro Fernando Meirelles “
Ensaio sobre a cegueira” e “O jardineiro fiel”, ou seja, os brasileiros têm sim boas ideias e sabem como fazer um bom filme, mas não recebem incentivos, ou recebem muito pouco, para isso.

A qualidade da novela das oito também é contestável, mas ao menos não precisamos pagar para vê-la. Que crise!

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