Discuti com o seu autor os pormenores do enredo, reli-o; não me parece uma imprecisão ou uma hipérbole classificá-lo como perfeito. (Jorge Luis Borges)
Quando se lê uma afirmação dessas vinda de Borges, pode-se ter certeza de que se trata de coisa realmente muito boa. Trata-se de “A invenção de Morel”. A exemplo dos textos de Borges, o romancista argentino Adolfo Bioy Casares também produziu ótima literatura fantástica.
O enredo, aparentemente simples, conta a história de um fugitivo da justiça que se refugia numa ilha misteriosa do pacífico, onde há a suspeita de uma grave epidemia. A forma é de um diário editado, permeado pelas notas de um editor. O protagonista apaixona-se por uma moça, Faustine, que ele acredita ser parte de um grupo de veranistas. Mais tarde, descobre que ela e ninguém do grupo podem vê-lo.
“A invenção de Morel”, assim como em alguns textos de Borges, confunde o leitor com relação ao caráter ficcional da obra. Tudo, absolutamente tudo deve ser levado em consideração neste texto e só assim é que conseguimos chegar ao ponto chave da narrativa. A sensação de estranhamento é presente na obra quase que constantemente.
Sem spoilers, um trecho de um dos livros mais interessantes e fantásticos (em ambos os sentidos) que já li:
“Contarei fielmente os factos que presenciei entre a tarde de ontem e a manhã de hoje, factos inverossímeis, que a realidade não terá podido produzir sem trabalho... Agora a verdadeira situação parece não ser a descrita nas páginas anteriores; a situação que vivo não é a que julgo viver.”
Aimeudeus, deu vontade de ler , vou sair procurando!
ResponderExcluirobrigada pela dica!!!
Realmente, Vanessa, vale a pena você procurar o livro. A proximidade do autor com Borges garante a qualidade. Para quem gosta de Literatura Fantástica, é o livro perfeito! A originalidade formal também merece ser apreciada!
ResponderExcluirEste livro é incrível. E eu acho o Bioy muito melhor que Borges. Na verdade, é que consigo entender e entrar nas histórias do Bioy, do Borges, não.
ResponderExcluirAbraços.
k.sérgio gomes,
ResponderExcluirEmbora os dois escritores trabalhem com temas fantásticos e tenham se influenciado mutuamente, cada um tem uma maneira peculiar de escrever, tem seu estilo. Eu apenas li este livro e "o sonho do herói" do Bioy. Conheço mais a literatura do Borges, e por isso me identifico mais com ela, mas este livro está entre os melhores da história da literatura ocidental (na minha escala)
Abraço,
Angelis